A mim parece-me que o importante em avaliação é ter ideias claras sobre o porquê, o como e o para quê se está a avaliar, usar instrumentos e modos diversificados e tornar os procedimentos e resultados da avaliação tão claros e transparentes como possível para os alunos (e os pais também, embora isso por vezes seja mais difícil).
Como o Nelson bem refere, a verdade é que nas classificações atribuídas no ensino básico e secundário, só cerca de 50% (ou um pouco mais no caso de algumas disciplinas do secundário) resulta de informação recolhida em avaliação sumativa (testes ou, mais raramente, trabalhos). O restante resulta de informação recolhida de avaliação que é fundamentalmente formativa, vulgarmente designada de avaliação contínua. É por isso que a divisão tradicional entre a avaliação sumativa – que serve para classificar – e a avaliação formativa – que serve para monitorizar uma aprendizagem em curso mas da qual não resulta classificação – está hoje muito esbatida.
Isto porque na dinâmica do próprio processo, designar uma avaliação de formativa ou sumativa nem sempre é muito claro. Um exame é claramente uma avaliação sumativa (feita no final de um processo de aprendizagem, cobrindo uma área relativamente vasta de conteúdos). E os testes que se fazem durante os períodos lectivos? Os conteúdos abrangidos são suficientemente amplos para se designar esta avaliação como sumativa? E se no final de 2 semanas de trabalho a estudar um conteúdo muito específico eu fizer um teste com muitas perguntas sobre o reduzido número de objectivos a que corresponde esse conteúdo? Formalmente, trata-se de uma avaliação formativa (o instrumento tem essas características). Mas a verdade é que a realizo no final do processo (a aprendizagem daquele conteúdo), o que faz dela uma avaliação sumativa. E se eu pegar nos resultados de um teste designado de sumativo (abarca três unidades com um número razoável de objectivos) e resolver voltar a trabalhar com os alunos, recorrendo a outras estratégias ou materiais, aqueles objectivos e conteúdos que se revelaram mais problemáticos? Isso não confere a esse teste, ou à acção que dele resulta, uma função formativa?
Na avaliação, como na educação em geral e, se calhar, em muitos outros aspectos da vida, o que é mau é cair-se em extremos – seja o de eleger os exames ou a classificação como o aspecto mais importante e para o qual se organiza todo o processo educativo, seja o de considerar que a classificação ou os exames são uma coisa má e não deviam existir.
Parece-me que fazer exames, ser avaliado e receber uma classificação, ver o seu resultado comparado com o de outros, etc. não tem em si nada de mal, e é até algo útil e necessário. Se devidamente enquadrado e complementado com outras formas e modos de avaliar. Porque a vida também é assim, porque esses momentos também servem para nos estimular a ser melhores e a progredir, porque nos dão uma medida do que somos capazes comparativamente com outros. Agora naturalmente que isso é apenas UM elemento no processo e é assim que deve ser entendido.
[] José Mota
Decerto que a relevância e contemporaneidade dos processos deveriam ser levadas em conta…
+Destarte estaríamos, presentemente, construindo um futuro que desafiaria a própria imaginação. Dados os diversos avanços possíveis e prováveis.