Só mesmo por acaso… Desde há umas semanas que estou a usar o Songbird, um programa open source alternativo ao iTunes que promete ser, diz o Aaron Boodman, o Firefox dos media players. Eu gosto muito e recomendo vivamente. Ora este programa tem vários addons (extensões) interessantes, um dos quais é o mashTape, que agrega informações várias (bio, geralmente da Wikipédia, fotos, vídeos, etc.) acerca de quem está a tocar no momento. Vem ao caso que um desses momentos dizia respeito a Edie Brickell, um cantora que, com os New Bohemians, fez coisas muito boas no final dos anos 80, inícios dos anos 90, mas a quem, entretanto, perdi o rasto.
Sendo uma das minhas cantoras favoritas, fui ler a biografia e, espanto meu (já me devia ter deixado de espantar há muito tempo com a minha incomensurável ignorância), descubro que a dita (e ditosa) artista casou em 1993 com Paul Simon, O Paul Simon, com quem tem agora 3 filhos. Ora, depois do casório, a Edie Brickell publicou um álbum a solo, em 1994, produzido pelo seu famoso marido (e com algumas participações muito especiais) – Picture Perfect Morning – de que a Rolling Stone diz muito mal (eu também não gosto muito, mas seria menos enfático), e depois só em 2003 voltou a dar sinais de vida, com Volcano, a que se seguiu Stranger Things, em 2006. Fiquei com pena dela, porque pensei “ora bolas, mais uma artista com enorme potencial que casa com um marido famoso do meio e fica uma década a cuidar da casa e da família”. Sendo que antes tinha pensado “Mas não diziam que o Garfunkel e o Paul Simon coiso???”, mas isso são as parvoíces a que a gente liga mesmo sem querer.
Bom, mas por descargo de consciência, fui ver o que o Paul Simon, de quem também gosto bastante, tinha andado a fazer, e a verdade é que na década de 90 há apenas um álbum – Songs from the Capeman, de 1997 – a que se seguiu, em 2000, You’re the One. Seis anos depois, no mesmo ano que Edie Brickell lançou Stranger Things, saiu Surprise. O que quer dizer que estes dois andaram a tratar da família, presumo (espero, desejo) muito enamorados e a gozar a vida um pouco longe das luzes da ribalta na maior parte do tempo. Fiquei mais descansado, embora me digam o bom senso e o pragmatismo que pode haver muitas outras razões para esta fraca produção de ambos.
Para quem não a conhece, e para que não pensem que exagero nestas minhas ruminações, deixo aqui dois registos: o famosíssimo “What I Am”, do primeiro álbum (1988) com os New Bohemians – Shooting Rubberbands at the Stars – e “Once in a Blue Moon”, do álbum Volcano (2003), também gravado com os New Bohemians. Resta dizer que, se a artista é muito boa, esta banda também é do melhor que há.