Em termos gerais concordo que, no que se refere à avaliação, mais do que a modalidade de ensino são as perspectivas pedagógicas do professor e/ou instituição que determinam as diferenças. Também concordo que, de uma forma geral, a grande maioria das estratégias e instrumentos de avaliação utilizados no MPEL e no ensino online em geral não constituem nada de novo no mundo da avaliação, e podem (poderiam?) perfeitamente aparecer em contextos presenciais.
Mas se nos acomodarmos na visão geral e reconduzirmos tudo ao que já conhecemos também perdemos alguns detalhes que são certamente interessantes. Tirando casos raros e, parece-me, excepcionais, como foi o teu, a verdade é que o ensino superior se baseou sempre (e assim continua maioritariamente) na avaliação sumativa: o exame final, mais raramente o trabalho final, ou os dois teste (no meio e no fim). Isso é lógico dado o modelo de ensino dominante – o da lecture.
Se nos lembrarmos do que falámos a propósito dos modelos de ensino a distância no primeiro trimestre, vemos como o EaD representou no universo do ensino de adultos uma grande inovação no que se refere a modelos e procedimentos quer didácticos quer pedagógicos. O facto de ser um ensino centrado no estudante, de fomentar o estudo autónomo e independente, de permitir maior controlo do estudante sobre o processo de aprendizagem, o papel crucial da avaliação formativa e do feedback subsequente, etc., eram aspectos que contrastavam fortemente com o modelo vigente no ensino universitário presencial e que se reflectiam, também, nos modelos e estratégias de avaliação.
Quer isto dizer que é perfeitamente legítimo afirmar, como o faz Robin Mason, que a discussão das questões pedagógicas entrou no universo do ensino superior pela porta do EaD. E aqui se inclui também, obviamente, uma forma mais complexa e mais completa de pensar a avaliação. Com a evolução para o ensino online e a emergência do grupo de aprendizagem, esses valores basilares do EaD preconizados por Holmberg, Wedemeyer ou Moore, entre outros, acabaram por ser fortalecidos e aprofundados. O papel central da interacção e dos fóruns assíncronos de discussão, associado às preocupações de sempre com a superação de todas as distâncias e o enfoque no processo de aprendizagem e no seu suporte encontraram uma expressão lógica nos modelos construtivistas e socio-construtivistas da aprendizagem. É por isso que a grande maioria das experiências de ensino online se baseia em modelos que se inscrevem nesta matriz.
Pode então dizer-se, também, que é pela porta do ensino online que estes modelos, já muito disseminados no ensino básico e secundário desde há décadas, entram no meio académico universitário. E com eles, porque deles fazem parte, outros modelos de avaliação.
Por último, e para terminar porque já me alonguei, não se pode em bom rigor dizer que o ensino online não trouxe nada de novo no que respeita à avaliação.
Um exemplo menor: o feedback imediato que o estudante pode ter na realização de determinadas tarefas, a diferenciação de percursos nos vários passos da tarefa consoante a performance, em tempo real, se assim for desenhada a actividade e a avaliação.
Um exemplo maior: as potencialidades da “participação nas discussões” como instrumento de avaliação formativa e sumativa. Não há nada de comparável a isto no ensino presencial. Basta olhar, como exemplo, para os critérios referentes a este item nos contratos de aprendizagem das nossas disciplinas de Avaliação e de Tutoria.